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Textos

Armagedon
 
          - Meus irmãos não tiveram poder para me enfrentar, Akyrel. Acha mesmo que você e Rhael conseguirão me impedir?
          - Pode acreditar que sim.
     Enquanto o anjo Rhael e o meio anjo Akyrel iniciam seu combate contra Lúcifer, o grupo de caçadores se reúne no círculo místico formado por Marie.
          - Acho que agora é o fim, Gaijin.
          - Porque Kabai?
          - Lúcifer lançou seus irmãos arcanjos para não sei onde e Akyrel e o anjo de nome Rhael o estão enfrentando sozinhos.
          - Então ainda não é o fim, Kabai.
          - Ora Gaijin, se Lúcifer se livrou dos arcanjos vai derrotar e destruir os dois. Ainda mais sendo um deles um simples meio anjo.
          - Ainda há esperança, vampiro. Meu caçador há um jeito.
          - Não! Você não fará isso.
          - É a única maneira.
          - Do que ela está falando, Gaijin? Se há um meio ainda, temos que usar.
          - Sim Richter, se há um meio vamos usá-lo.
          - Não diga tolices, Noelle.
          - Meu Caçador. Eu posso ser a chave que vai selar Lúcifer de volta às profundezas do inferno. E meu círculo místico está enfraquecendo. Nós teremos que retornar a luta logo. Deixe-me usar minhas artes.
          - Não! Eu não posso permitir.
          - Do que ela está falando Richter? Nós temos que usar tudo para banir Lúcifer. Você nunca mediu esforços para deter um ser das trevas que fosse, caçador.
          - Ela quer se sacrificar e isto eu não vou permitir.
          - Sacrificar como?
          - Uma forma de selar Lúcifer de volta no inferno é através de um sacrifício. Um sacrifício de carne, sangue e espírito. De uma virgem.
          - De uma, peraí, você vive há tanto tempo...
          - Cala a boca Noelle. E você Marie, esqueça, eu não permitirei.
          - Você é dono de meu coração caçador, mas não é meu dono. E nós precisamos deter o demônio. Ou eu me sacrifico pelo mundo ou não haverá mundo para ninguém viver. É isto que você quer? Você que luta há tanto tempo contra as bestas?
          - Não. Não é.
          - Então pronto. Caçadores, vocês terão que me ajudar a chegar aos anjos. Com certeza o anjo Rhael saberá o que fazer.
          - Segure-se em mim bruxa. Eu a levarei até lá.
          - Kabai... – murmura Richter.
          - Diga Gaijin.
          - Faça o que tem que se ser feito, mas faça rápido. Se eu tiver tempo de impedi-lo eu o farei.
          - Não o fará meu Caçador. Era meu destino. Cada um tem o seu e o meu era este. Dê-me um beijo antes que eu parta.
     Richter se mantém duro ao receber o beijo de sua amada. Ela observa seu rosto, onde escorre uma lágrima de tristeza.
          - Eu sempre amei você, Andreas Richter.
          - Eu vou continuar te amando, Marie Delacour.
          - Caçadores, assim que eu desfizer o circulo místico será uma corrida contra o tempo.
          - Agarre-se em mim bruxa.
     Marie sobe nas costas de Kabai. O vampiro demoníaco assume a forma de um cão como Cérberus. Noelle e Richter se preparam para abrir caminho para os dois. Tudo agora depende deles, pois os anjos realmente não têm condições de conter Lúcifer.
     O círculo místico se esvai e a batalha recomeça entre os caçadores e os demônios. Kabai parte em velocidade enquanto Noelle e Richter são engolfados pela horda que os aguardava. Está lançada a sorte da humanidade mais uma vez.
     A batalha entre Lúcifer, Akyrel e Rhael se mostra totalmente desfavorável aos dois anjos. A cada tentativa de ataque ambos são rechaçados pelo Rei dos Caídos, que começa a escarnecer do poder dos celestes.
          - Fracos. Muito fracos. Eu disse que vocês não seriam capazes de me enfrentar.
          - Ainda não acabou Lúcifer. – diz Rhael levantando-se mais uma vez e limpando o sangue do canto de sua boca.
          - Pelo contrário. Nós só começamos a esquentar. – completa Akyrel, mas a dor em sua voz denuncia o contrário.
          - Pois venham anjos. Seu sofrimento apenas começou.
     Rhael e Akyrel se posicionam lado a lado. Uma troca rápida de olhares e eles investem novamente na direção de Lúcifer, mas como derrotar um dos primeiros Arcanjos? Como derrotar um ser que lançou de volta aos céus seus três irmãos, Miguel, Rafael e Gabriel? Uma luta árdua cujo fim que cada vez mais se desenha é apenas um: sua morte.
     Em mais uma tentativa, os anjos tentam atacar de forma conjunta a fim de não dar espaço para Lúcifer. Akyrel avança pela direita com sua Katana chamejante descrevendo um arco lateral enquanto Rhael avança num ataque frontal buscando atingir o peito do Estrela da Manhã. Lúcifer segura a espada de Rhael com as duas mãos e a utiliza para deter o ataque desferido por Akyrel. As duas espadas se chocam num turbilhão de chamas e faíscas e Lúcifer, agarrando os dois anjos por suas armaduras, os arremessa na direção de mais uma de suas hordas a sair do buraco que rapidamente os envolve. Observando a ação de Lúcifer, Kabai estaca.
          - E agora bruxa?
          - Teremos que abrir caminho e chegar aqueles anjos.
          - Ah, Marie Delacour. Vai sacrificar-se para me deter, vai? – escarnece Lúcifer caminhando na direção da bruxa e do vampiro.
          - Farei tudo que estiver ao meu alcance, demônio.
          - “Farei tudo que estiver ao meu alcance”, que coisa mais patética. Você vai morrer bruxa. Aqui e agora.
          - Ainda não, expurgado.
     A lâmina da espada de Furio Archetti atravessa o ar na direção do Estrela da Manhã fincando-se em seu braço, levantado rapidamente para proteger-lhe a cabeça do arremesso certeiro desferido por Richter. O corpo de Lúcifer estremece ante a aura poderosa da espada consagrada por Deus para seu devotado Padre Combattenti.
          - Maldito seja caçador. Que maldição de espada é esta?
          - A espada de Furio Archetti, Lúcifer. Kabai, Marie, vão. Lúcifer, eu clamei por sua presença para levar minha alma. Vejamos se você tem poder para isto.
     Enquanto Kabai e Marie entram na luta com a horda que cerca Rhael e Akyrel, Richter empunha outras duas espadas e se lança contra Lúcifer tendo em sua mente apenas a certeza de que o fim de sua vida está ainda mais próximo. Usando tudo que aprendeu ao longo dos anos e tendo a seu favor o braço direito do Diabo fora de ação por conta da espada consagrada, Andreas Richter segue tentando atrasar seu avanço o máximo que pode.
     A coragem, a força e a fé dos guerreiros começa a ser recompensada. Kabai e Marie, ajudados agora por Noelle conseguem chegar a Rhael e Akyrel. O Força Celeste, com apenas uma olhar na direção da bruxa, entende o sacrifício que há de ser feito agora por ela e por ele. Akyrel também sabe o que fazer e após livrar-se dos dois últimos demônios da horda desenha rapidamente no chão as runas necessárias. Lúcifer percebe que seu tempo está se esgotando e atinge Richter tirando-o do caminho. Marie dá a mão ao anjo Rhael enquanto Akyrel decifra cada uma das três runas. Kabai e Noelle tentam barrar a passagem de Lúcifer, mas são arremetidos para o céu como os arcanjos.
          - Isto não vai acontecer.
          - Já aconteceu, Lúcifer.
     Akyrel inicia o entoar da última runa e Lúcifer entoa um cântico satânico a fim de desferir contra o meio anjo toda a volúpia de seu poder. O meio anjo fecha os olhos esperando o fim após entoar o último sacramento do selo e não vê a ação que se segue praticada pelo caçador Richter. Como um raio ele se lança na direção de Lúcifer agarrando o cabo da espada consagrada de Furio desviando o ataque desferido contra Akyrel. Rhael e Marie são envolvidos por um facho de luz vindo do céu. Akyrel é envolvido por chamas azuis vindas das runas e desaparece. Lúcifer tenta desvencilhar-se de Richter, mas o caçador parece ter agora a força de mil anjos e não o solta.
          - Vai morrer comigo, caçador.
          - Que assim seja Lúcifer.
     No facho de luz que envolve Rhael e Marie, o caçador Richter vislumbra sua bela senhora lhe acenar um adeus tímido e dos lábios do anjo Rhael uma mensagem interrompida pela ventania que toma conta do local e o arrebata junto a Lúcifer. Os anjos e demônios ainda presentes no campo de batalha observam os dois contendores serem cercados por uma aura cristalina cuja luz reflete as três runas escritas e entoadas por Akyrel. Girando com mais velocidade a cada minuto, a esfera cristalina que a aura se tornou lacrou-se em si como uma cela um átimo de segundo após o Caçador Andreas Richter desaparecer e disparou como uma flecha na direção do buraco do inferno.
     Não mais que um minuto depois todos os demônios que ainda caminhavam na terra são tragados de volta as profundezas bem como todos os anjos são arrebatados e lançados de volta ao céu. Como se nada houvesse acontecido, o campo de batalha reflete agora apenas o silêncio do fim da maior batalha já prevista e desencadeada pelas forças celeste e infernal na terra, o Armagedon.

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     Sob um céu repleto de estrelas a iluminar a floresta, com o cheiro de um cervo assado na fogueira que aquece o modesto acampamento, o homem resgatado pelo Combattenti, um dos padres guerreiros da Santa Madre Igreja na Idade Média, acorda.
          - Hum? Onde, onde eu estou? – sobressalta-se.
          - Acordou Caçador? Até que enfim.
          - Furio? É você?
          - Parece que eu virei teu anjo da guarda, não é?
          - Mas, como é possível eu estar com você?
          - Eu encontrei você caído desacordado na estrada, Richter. E a julgar pelo teu estado você enfrentou alguma coisa muito poderosa.
          - Não, não, isto não está certo. Não é possível. Não pode ser você Furio.
          - O que você está dizendo? O que é que não está certo?
          - Furio. Pelo amor de Deus, quando nós estamos?
          - Quando? Você não deveria perguntar onde?
          - Não Furio, é quando. Eu estava numa batalha, como meu estado demonstra. Eu estava numa batalha num país chamado Brasil no ano de dois mil e quatorze.

Leia como tudo começou:
Inferno na Terra!!!
Inferno na Terra: Apocalipse!!!

 
Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 09/03/2014
Alterado em 09/03/2014
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