Portal Literário

A entrada para uma nova literatura!!!!

Textos

Vampiros!!!

                         Uma noite de lua cheia é e sempre será o cenário perfeito para um vampiro, mas é também cenário para seu inimigo atroz, o lobisomem.
                         Em mais uma destas belas noites, a jovem Rosana caminha apressada pelas ruas do bairro da Abolição, voltando para casa após a faculdade louca para tomar um banho quente e se enfiar debaixo de sua colcha quentinha. O sono dos justos como ela sempre se refere ao final de cada dia de faculdade.
                         Às vezes, a carona oferecida por sua amiga Raíssa não é o melhor, mas economizar a passagem, mesmo tendo que caminhar um pouco mais, faz diferença no fim do mês. Então ela caminha, toda vez que pega uma caroninha, da Rua Macedo Braga até a Rua Teixeira de Azevedo. Bem que sua amiga podia esticar um pouquinho para deixá-la em casa, mas o medo de voltar para casa sozinha depois é sempre maior do que pensar na amiga que terá que andar.
                         Rosana não é do tipo impressionável, mas estranhamente hoje ela sente como se estivesse sendo seguida e observada. Uma sensação muito, muito incômoda. Um medo passa a tomar conta da jovem e ela aperta ainda mais o passo.
                         “Eu não aprendo mesmo. Eu tenho que parar de pensar na economia no bolso e deixar de pegar carona com a Raíssa. Poxa, ela é minha amiga, mas fica com a desculpa de ter medo de voltar sozinha e me deixa na pista.”.
                         De repente um vento gélido, estranho, que lhe faz subir um calafrio pela espinha. “Meus Deus, o que é isso?”. O medo aumenta e ela começa a ver vultos, ou melhor um vulto várias vezes a se movimentar em seu campo de visão. “Deus, será um estuprador?”. Caminhando ainda mais rápido ela tenta afastar-se do que pensa ter visto e do medo que a acomete.
                         O medo é o combustível perfeito para melhorar o cheiro do sangue e inebriar ainda mais este predador da noite. Insuflado pelo odor mais maravilhoso da face da terra, Antoine se entrega ao jogo de prazer e luxúria. Ele utiliza sua velocidade para surgir à frente da jovem e abordá-la.
                                   - Boa noite, minha bela jovem.
                                   - Ai, você – ela olha em seus olhos e quase se perde – você me assustou.
                                   - Desculpe-me senhorita, não era minha intenção. Nunca em minha vida eu iria querer assustar uma criação tão bela e perfumada – ele se aproxima dela e aspira o aroma em seu pescoço, mas não o seu perfume e sim o cheiro de seu sangue que para ele atravessa sua carne.
                                   - Um homem gentil a esta hora. – entrou no transe.
                                   - Ao seu dispor para acompanhá-la, se assim o quiser.
                                   - Claro que eu quero. Andar sozinha a esta hora é muito perigoso. – certas companhias são mais perigosas do que andar só, como diz o ditado “Antes só do que mal acompanhado”, mas estando em hipnose vampírica ninguém atenta para isto.
                                   - Vamos então, senhorita.
                                   - Sim, vamos.
                         A jovem Rosana, embevecida pela hipnose vampírica, não percebe a armadilha em que está se metendo. Se alguma parte de seu corpo ainda tivesse domínio sobre si tentaria desesperadamente fugir deste predador amaldiçoado.
                         Todos os seres vivos tem um predador natural. Se Antoine se considera o predador natural dos seres humanos normais ele deveria imaginar que alguém iria se considerar o seu predador. Pois é, ele não deveria esquecer de duas importantes promessas que ele sabe existir. A primeira se apresenta para ele agora.
                         Antoine não é do tipo cachorro magro, aquele que chega, come e vai embora, ele gosta de saborear o momento com suas vítimas. Esta tem sido, nos últimos anos, a sua quase perdição. Acompanhando a jovem Rosana, concentrado em mantê-la sob seu poder, ele não percebeu a presença de um de seus maiores inimigos. Quando se dá conta é quase, eu disse quase, tarde demais.
                         O lobisomem é uma figura mítica como os vampiros. A diferença é que dificilmente os lupinos querem matar os humanos. Afinal de contas eles não precisam necessariamente se alimentar de carne humana, e isto os torna os inimigos mortais dos vampiros, pois diferentemente dos gélidos predadores, eles dão um valor imenso à vida. Sendo assim o salto para defender a jovem é calculado e quase perfeito.
                         Leonardo, o mais jovem lobo da matilha dos lobisomens de Marselha, liderada pelo francês Nöel D´Brier, é também o mais sanguinário deles quando o assunto é vampiros. É justamente por ser o mais novo que seu ataque não foi fatal. No último minuto Antoine percebeu o perigo e se esquivou o suficiente para não morrer, mas não o suficiente para sofrer um rasgo extenso e profundo em seu braço direito.
                         Rosana, saindo do torpor da hipnose e se vendo diante de duas criaturas que ela pensara existir somente nos livros e cinema, acaba por desmaiar.
                                   - Maldito seja, cão.
                                   - Hoje eu mato você Antoine. Custe o que custar.
                         A luta entre as duas feras é algo temerário de se ver. Toda a força e volúpia assassina de um lobisomem contra a agilidade e a não menos volúpia em matar de um vampiro postas à prova.
                         Leonardo se lança contra o corpo de Antoine a fim de derrubá-lo, mas acaba passando no vazio e o vampiro, mais experiente neste tipo de luta, aproveita para segurá-lo pelo pescoço.
                                   - Garoto, eu agora vou quebrar o seu pescoço. Eu teria feito isto da última vez não fossem os seus amigos covardes terem aparecido.
                                   - Não... será...tão...fácil.
                         O lobo respira fundo e força os músculos do pescoço a fim de inchá-los e impedir que a força descomunal do vampiro francês, que possui séculos de vida como seu aliado, seja suficiente para quebrá-lo. Leonardo se dá conta agora que é seguro por um vampiro atônito com esta nova “técnica”.
                                   - Gostou, maldito? Foi o Nöel quem me ensinou isto pessoalmente.
                                   - O quê?
                         Ante a alusão do nome do antigo inimigo, Antoine se descuida o suficiente para que Leonardo se solte da gravata e, balançando o corpo, atire o vampiro para o meio da rua. Antoine começa a rir.
                                   - Do que ri desgraçado?
                                   - De você lobinho. Cometeu dois erros esta noite. O primeiro vir me caçar sozinho, pois eu não estou. E o segundo me contar que meu antigo e velho rival está aqui.
                                   - Não está sozinho? – surpresa em sua voz.
                                   - Não. Podem atacá-lo.
                         Para surpresa de Leonardo ele vê surgir de vários lugares mais vampiros do que ele já vira ou imaginara em sua vida. Ele sente um pequeno estremecimento de medo em seu corpo, mas logo se refaz.
                                   - Eu vou morrer aqui hoje seus malditos, mas irei levar tantos de vocês quanto for possível.
                         E ele se lança ao encontro da horda. Os vampiros, em sua maioria os criados por Antoine há no máximo dez anos, não são bastante experientes numa luta contra um lupino, mas o que é perdido assim é ganho na quantidade. Dez vampiros contra um lobisomem novo não chega a ser uma covardia, mas é um número suficiente para acabar com a luta em poucos minutos. Leonardo até lutou bem levando com ele quatro dos vampiros, mas não foi o suficiente.
                         André, o mais velho dos vampiros se aproxima de seu mestre.
                                   - O que fazemos agora mestre? Temos que ir antes...
                                   - Antes que o que meu vassalo? Ele estava sozinho, vocês o mataram, irão esquartejá-lo para que Nöel saiba que não estamos brincando e eu voltarei para meu prato do dia. Aliás, ela não será mais o meu prato.
                                   - Como assim, mestre?
                                   - Eu estou precisando de uma mulher, não acha?




Lobisomens!!!
Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 06/01/2011
Alterado em 06/10/2011
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras