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Final do Brasileiro: Será mais um título do Flamengaço???
     É, o futebol é muito emocionante mesmo. Às vezes os times que são inferiores tecnicamente conseguem façanhas históricas. Às vezes a raça resolve. Às vezes não.
     O time de maior torcida do planeta, o Flamengaço, mais uma vez chega a final de um campeonato. Só este ano já é a terceira. O fluminense no estadual e o vasco na Libertadores sentiram o peso de encarar o urubu na final. Aliás, este ano o futebol carioca está excepcional. Flamengo e vasco na final da libertadores vencida pelo Mengão. Fluminense e botafogo disputaram a semifinal da Copa do Brasil. O botafogo eliminou o fluminense e duas semanas depois sagrou-se campeão.
     Mantendo a boa fase, Flamengo e botafogo chegaram a final do campeonato brasileiro, que voltou a ter a disputa direta de uma final. No primeiro jogo, o botafogo conseguiu um bom placar. Venceu o Flamengo por dois a zero, numa tarde inspirada do meia atacante Romualdo, mas, cada jogo é um jogo, e agora, mais noventa minutos desta decisão. Quem se sagrará campeão brasileiro? O Fogão, campeão da Copa do Brasil, ou o Flamengaço, campeão das Américas? O jogo promete.
     Na arquibancada lotada do Maracanã, a torcida faz a festa. A do Flamengo, em maior número, acredita na recuperação do time. Lucca e Léo estão no meio da galera rubro negra. No domingo passado o trabalho impediu que Léo levasse Lucca ao estádio, mas desta vez não teve jeito, eles estão lá, levando sua escrita de nunca ter perdido final no Maracanã.
     O Flamengo entra em campo de mãos dadas. A torcida começa a gritar o nome de cada um dos jogadores. Pataca, o herói, e Vagner, o Barreira Humana, são os mais festejados, pois no último jogo o herói perdeu um pênalti e Vagner saiu mal no segundo gol do botafogo. A torcida grita para lhes dizer que confia nos dois, que precisa dos dois, que sabe que hoje são eles que farão a diferença.
     O juiz apita e a bola rola para mais noventa minutos de emoção no Maracanã. O Flamengo, precisando fazer o resultado, parte para cima do botafogo, ocupando os espaços e imprensando o adversário em seu campo de defesa.
     Trinta minutos de jogo, o Flamengo pressiona, mas não chega ao gol. A torcida continua incentivando e acreditando. E a combinação dá resultado. Pataca recebe de costas para o gol, gira e é derrubado por Monteiro, falta. A torcida imediatamente começa a gritar o nome de Sant´anna, o canhão da Gávea. Dali ele pega muito bem, como diria o locutor do rádio que Alceu escuta na arquibancada ao lado de Lucca e Léo.
          - Está sendo armada a barreira. O goleiro Márcio pede cinco homens para proteger seu canto direito. Sant´anna ajeita a bola. Por ali também Pataca e Militão. Preparados para a cobrança. A galera do Mengão incentiva, grita o nome de Sant´anna. A torcida do botafogo se cala apreensiva. Tudo pronto para a cobrança da falta. Vai autorizar o juiz. Apitou. Correu Sant´anna pra bola, um balaço, entrou. Goooooooooooooooooooooooooooooolllllllllllll. Golão, golão, golão. É golaço. Um golaço de falta no Maraca. Sant´anna. Sant´anna. Sant´anna é o pai da criança. O Flamengo sai na frente e põe mais fogo na decisão. Márcio para você já era, o Sant´anna vai pra galera. Barato bom, barato bom é do Mengão, o couro come no Maraca e o placar diz: Mengão um, botafogo zero.
     O gol motiva ainda mais o time do Flamengo que não pára de pressionar o botafogo. O time da estrela solitária se encolhe. O Mengão é pura raça. Diferente de domingo passado hoje o Flamengo é o Flamengo que sua torcida assistiu o ano todo, um time vibrante e raçudo, que nas adversidades soube se superar. O juiz pede a bola e encerra o primeiro tempo. O resultado parcial de um a zero serve para dar confiança e moral para o Mengão voltar embalado para o segundo tempo.
     Os times voltam para o segundo tempo sem alteração. O botafogo dá a saída. Começa os últimos quarenta e cinco minutos desta incrível decisão. O time alvinegro volta com vontade e consegue o que no primeiro tempo parecia impossível. Raul domina a bola no meio e lança para Romualdo que se livra de Tavarez e chuta, a bola pega na veia e Vagner não consegue impedir. O botafogo empata o jogo. Um a um. Tudo que não poderia acontecer era isso. Com um minuto de jogo o botafogo joga um balde de água fria no Flamengo. Sua torcida, até então calada, começa a festejar na arquibancada. Para levar a disputa para os pênaltis o Flamengo terá que fazer dois gols. Voltou a estaca zero o Rubro negro.
     O Flamengo dá nova saída. No meio da torcida Léo senta na arquibancada, não acreditando no que aconteceu. O Flamengo terá que remar tudo de novo. Seu filho puxa a manga de sua camisa e ao levantar os olhos, ele vê que os torcedores estão olhando para ele como que esperando sua reação. Sua atitude. Sim, ele se tornou o líder, ele se tornou o homem da garra lá no meio da galera. Depende dele agora. A torcida está quieta, tensa, triste, vê o filme de domingo passado na cabeça. Romualdo destruindo uma tarde que tinha tudo para ser perfeita e agora, parece querer repetir o feito. Os torcedores esperam. No gramado o Fla não encontra o futebol do primeiro tempo. Está abatido, apático. Léo sente um calor em seu peito e de repente, ele começa a cantar:
          - Uma vez Flamengo, sempre Flamengo, Flamengo sempre eu hei de ser, é meu maior prazer, vê-lo brilhar, seja na terra...
     O pessoal a sua volta entoa junto o hino do Mengão. Logo o canto vai se espalhando, tornando-se uma única voz no estádio. A voz do décimo segundo jogador deste time incrível. A torcida volta a jogar junto com o time. A garra retorna como que por mágica. A equipe no campo parece recarregar as turbinas. O Flamengo volta a jogar bem. Volta a apertar. O botafogo sente a pressão da arquibancada, sua torcida se aquietou de novo. No gramado o jogo volta a ser de um time só. Do Mengão.
     Embalado, o rubro negro vai para cima. Marquinhos recebe na esquerda, tabela com Pataca, que corre para a área. O lateral vai à linha de fundo e cruza. Arthur escora de cabeça para Pataca que de primeira enche o pé. Márcio opera verdadeiro milagre e espalma para córner. A torcida vai ao delírio. O goleiro do botafogo vibra com a defesa e desafia Pataca.
          - Hoje será como domingo passado. Você só passa por mim se eu estiver morto.
          - Vamos ver.
     Pataca corre para a marca do córner. Ninguém entende nada. Normalmente ele fica no meio da área esperando para cabecear. Zé Carlos tenta argumentar, mas o herói não quer saber de conversa, ele está decidido a bater o escanteio. Alceu vira de costas para o campo e acompanha o locutor.
          - Preparado o herói para a cobrança do escanteio. Vinte e oito minutos da etapa complementar e Pataca parece ter ficado louco. Vai cobrar o escanteio ao invés de ir para a área tentar a cabeçada. O juiz autoriza. Pataca corre para bola, bateu, um efeito incriiiiiiiiiiiiiivel, guardou. Goooooooooooooooooooooooooooooolllllllllllllllll. Do flamengo, Pataca. Olímpico. Olímpico. Pataca faz um gol olímpico no Maracanã. Bota o Flamengo no jogo de novo. Recoloca o time na briga pelo título. O goleiro Márcio voou, mas não adiantou. A bola morreu caprichosamente no fundo do barbante. Mengão, queridão, na malhação dois, botafogo um.
     A torcida vai ao delírio. O Maraca treme e parece que vai vir abaixo. Um gol Olímpico para incrementar ainda mais o jogo. Um combustível poderoso para o time continuar buscando o resultado. E, melhor, derrubar a moral do time do botafogo.
     O botafogo dá nova saída. O Flamengo pressiona. Chega junto. Marca. Aperta. Corre. Se desdobra de tudo quanto é maneira para conseguir chegar ao resultado. No banco Antônio chama o jovem Guilherme. Tá na hora de botar o xodozinho da galera. Sempre que o garoto entra o time melhora. Antonio saca Militão, seu volante de marcação incansável e lança o garoto. O time muda a tática para quatro, três, três, se tornando mais ofensivo. Em resposta o técnico alvinegro Cortês retira o atacante Mário e coloca o volante Tadeu. Cortês vai retrancar o time a fim de segurar o resultado.
     A partida se mantém equilibrada. O Flamengo esbarra na marcação do botafogo. O Fogão se fecha todo atrás. Trinta e oito minutos e a torcida começa os gritos de campeão. O time, deixando-se levar por sua torcida, começa a tocar a bola aos gritos de olé. Romualdo recebe a bola no circulo central e devolve de letra para Charles, que vira na direita para Dário. O lateral nem domina, como numa linha de passe, escora de cabeça para Edgar. Subestimar o adversário pode ser mortal. Pataca dá o bote em Edgar e toma a bola. Imediatamente ele empurra na direita para o The Flash. Zé Carlos faz jus ao apelido e voa pela lateral. Tadeu chega para acabar com a festa e faz a falta. O juiz pára e marca. Enquanto Marcio pensa em ajeitar a barreira, Zé Carlos bate rápido a falta entregando para Guilherme, na entrada da área, que enche o pé, soltando uma verdadeira bomba de canhota. Indefensável. Guilherme estufa a rede alvinegra. O Mengão faz um golaço e faz o resultado que leva a decisão para os pênaltis. O botafogo dá a saída e o Flamengo ainda acha que dá. Volta a pressionar a fim de decidir o título no tempo normal. O Flamengo continua esbarrando na retranca e aos quarenta e sete o juiz ergue o braço e encerra a partida. A decisão do título vai para os pênaltis.
     Alguns minutos de descanso se faz necessário. Enquanto os treinadores escolhem seus batedores o juiz escolhe o gol a ser utilizado. É justamente o gol que fica a frente da torcida do Flamengo. O rubro negro vai ficar de frente para sua torcida. Sai a lista de batedores do Fla: Pataca, Sant´anna, Abel, Tonhão e Guilherme. Pelo lado do botafogo irão bater Romualdo, Tadeu, Raul, Sérgio e Charles. O Flamengo bate primeiro. E o locutor narra assim:
          - Pataca se prepara para a primeira cobrança. Ele corre para a bola e gol. Bola no canto direito, Márcio no canto esquerdo. E a torcida do Fla vibra. Um a zero.
          - Romualdo pega a bola. Ele olha para Vagner. O Barreira Humana é pegador de pênaltis. Ele corre para a bola, bate e Vagner defende. O Barreira Humana defende o pênalti. A torcida vibra e grita seu nome. O placar não se altera.
          - Agora é a vez de Sant´anna, o Canhão da Gávea. Autoriza o juiz. Ele corre para a bola, uma bomba, entrou. Gol. O Flamengo converte o segundo. Dois a zero.
          - Tadeu se aproxima para a cobrança. O juiz apita. Correu, bateu, na trave. Tadeu desperdiça a cobrança. A torcida do Flamengo já ensaia os gritos de Campeão. Se mantém Flamengo dois botafogo zero.
          - O próximo pelo Fla é Abel. O baixinho motor do time pelo meio campo. Autorizado pelo juiz. Correu, bateu, tá lá. Converte mais um o Flamengo. Fla três, botafogo zero.
          - Olha a responsabilidade de Raul. Ele tem que fazer para não terminar agora. O flamengo tem uma vantagem confortável. Raul correu, bateu, marcou. Raul converte o primeiro pênalti para o botafogo. Agora Mengão três, botafogo um.
          - O próximo é Tonhão. Ele só precisa converter. Se ele converter o Flamengo é campeão. Tem a chance agora. É a bola do título para o Flamengaço. Tonhão contra Márcio. Márcio contra Tonhão. Autoriza a cobrança o juiz. Correu Tonhão pra bola, atirou, tá lá. É É É É É É É É É É É É, do Flamengo, é o gol do título. O mengão queridão vence o botafogo nos pênaltis e conquista mais um título na temporada.
     Na arquibancada a torcida mais uma vez comemora. Pela terceira vez este ano o Flamengo leva a taça. É o Mengão papa títulos. O Mengão da raça, que soube se superar mais uma vez e que agora, vai mais do que embalado disputar o título mundial. O Mengão vai a Tóquio com status de franco favorito à luta pelo título mundial.
     Lucca e Léo na arquibancada comemoram abraçados ao amigo Alceu, o torcedor do sempre fiel radinho de pilha. Eles que irão juntos assistir o Flamengo disputar o título mundial. Eles que levarão junto com eles a mística das finais. A mística de que a camisa rubro negra é temida nas finais. A mística que os adversários subestimam e pedem para encarar e que, no fim das contas, sempre consagra o time de maior torcida. O mais querido do Brasil.
Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 08/05/2007
Alterado em 02/07/2007


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