Nem dos pensamentos, muito menos dos sonhos. Praga, ela não me deixa em paz. Amor já não é mais, que raios é isso? Já tentei psicólogo, psiquiatra, hipnose, até macumba, e nada. Ô mulher do inferno. Ela deve ter um pacto com o capiroto, só pode. Mas não desisto. Procuro mais uma ajuda. Uma amiga. Na verdade, mais que uma amiga, mas que é totalmente alheia a tudo, desprovida de opinião a respeito. Esta sim, pode e vai me ajudar.
     No inicio era como uma possessão, pensando ainda, sonhando, lembrando. E quando esquecia, lá vinha o maldito telefone. Ora a tocar, ora a receber mensagens. Atendia e respondia. Ela não saía.
     Com mais um tempo já não atendia. Melhorou. Mas respondia as mensagens. Ô inferno! A tentação era demais. Pensar em suas curvas, nua em pelo era martírio. O apelo emocional aliado ao erótico me enlouquecia. Deus!
     Mas tudo acaba. O emocional chegou ao patamar das outras mulheres, ou seja, mexia tanto quanto qualquer outra. Não era mais o suficiente para mover a montanha que eu habitava. Restava só a parte carnal. Fácil? Nem tanto.
     A imagem dela nua em cima de uma cama era e ainda é demais para minha cabeça. Viagem. Viagem. Totalmente dividida. Em suas curvas num momento, longe delas em outro. Viajar para longe delas está se tornando mais freqüente, mais tranqüilo e mais leve para cabeça, coração e lógico, sexo.
     A minha amiga continua me ajudando e eu continuo exorcizando. Eu estava me preparando, agora, passada a fase da desilusão, passei a exorcizar.
     Ela não me abandona; eu tento e às vezes esmoreço, para logo voltar a me fortalecer e continuar. Ela age de um lado, eu me defendo de outro. Ataque. Defesa. As armas vão acabar. As empunhaduras vão cansar e aí, eu não vou atacar. Eu vou deixar que Deus cumpra seu papel. Exorcize meu passado. Ele sempre sabe o que faz.