O Carnaval do Império
Carnaval carioca. Indiscutível. Indescritível. Quatorze escolas do grupo especial lutarão pelo título, e por conta disto o espetáculo promete ser o mais bárbaro de todos os tempos. Ao longo dos dois dias de desfile, as escolas vêm se superando e se revezando na opinião do povo. Treze escolas já atravessaram a Marquês de Sapucaí, confundindo o povo e, principalmente, os jurados. Difícil julgar tanta beleza. A última escola a entrar na avenida nesta segunda de carnaval, porém não menos importante que as demais é o Império Serrano. Escola tradicional do subúrbio carioca, que não ganha um título já há alguns anos, vem, este ano, reeditando o enredo “Uma Festa Brasileira”, onde conta a chegada da corte imperial ao Brasil. Enredo que é a cara do Império com um samba empolgante. Na concentração, o presidente da agremiação conclama a nação imperiana a entrar na avenida com garra, muita garra. Thelmo Rodrigues, o presidente da verde e branco de Madureira, se desdobrou durante o ano para que o Império estivesse pronto para arrasar na avenida. A serrinha, comunidade do bairro, veio com toda sua força para este desfile, preparados para lutar pelo título. Reassumindo o microfone, o puxador Lê, o mais jovem puxador do grupo especial, começa a entoar um dos sambas mais empolgantes que o Império já apresentou na avenida. - ... A cultura, se junta à arte numa nova dimensão. Hoje o império faz a festa, contagiando a galera de emoção e exibe para o mundo inteiro, o que? O carnaval brasileiro. Como na corte dos reis, engalanado entra em cena outra vez... A bateria do mestre Marcão vai segurando a emoção para entrar no momento certo. A comissão de frente já se apresenta. A coroa Imperial já se desloca na passarela do samba no carro abre-alas. Os foguetes estouram no céu formando um espetáculo pirotécnico em verde e branco. A arquibancada canta o samba com Lê, enquanto ele vai se aproximando do trecho em que a bateria vai explodir. - ...e assim, assim, a festa continua, tão minha quanto sua neste delírio tropical. O verde branco é a razão da minha vida, nesta folia todo mundo é igual, ô embala. Ô Embala eu, embala eu que nesta festa eu também vou, eu vou, eu vou, ô embala eu com surdos, tamborins e agogôs, ô embala. Ô embala eu, embala eu que nesta festa eu também vou, eu vou, eu vou, ô embala eu com surdos, tamborins e agogôs, ressoou. Ressoou, ressoou, no seio da mata virgem, ... E a bateria por fim explode. A emoção triplica. O presidente Thelmo chora de felicidade e mestre Marcão comanda a cadência da bateria. O puxador Lê emociona a arquibancada a cada grito de conclamação a torcida para que cante junto. É assim que o Império Serrano começa a contar na avenida a sua Festa Brasileira. Carros alegóricos maravilhosos. Fantasias lindíssimas. Ala de passos marcados. Baianas, as velhas senhoras, mães, tias e madrinhas do Império. Mestre Sala e Porta Bandeira em total sintonia. Tudo vai fazendo, ao longo do desfile, com que o povo coloque mais uma escola na briga pelo titulo. Um desfile técnico, empolgante, lindo e sem erros. O que mais a diretoria da escola poderia querer para brigar por este carnaval? Lê continua dando o tom com seu potente vozeirão. - ... que zoeira. Tem batuque na corte, dia e noite, noite inteira. O novo mundo mostra a arte em brincadeira, que zoeira... A escola preenche por completo a passarela do samba. O povo na arquibancada canta o samba junto com o puxador. Ele pára um instante, deixando somente seus auxiliares e o publico cantarem. Emocionado, ele retoma o samba a plenos pulmões e dá um grito que inflama a galera. - É o Império Campeão. A cultura, se junta à arte numa nova dimensão... Pronto, é o suficiente. O povo na arquibancada se põe de pé e pára de cantar o samba para começar os gritos de: É campeã! É campeã! É campeã! Sessenta minutos na avenida, o desfile do Império vai chegando ao final e a torcida continua os gritos de campeã, campeã. E agora, após a ultima ala da escola, uma multidão a acompanha cantando o samba. O presidente da escola agradece aos céus por ter conseguido fazer um bom trabalho e agora torce e espera por um bom resultado na apuração na quarta feira de cinzas. Nota: Pessoal, este texto é ficcional, ou seja, não tem nada a ver com o campeonato deste ano. Tal história foi idealizada por mim num gesto de homenagear minha escola do coração. Fiquei triste por ela ter descido então resolvi mostrar que a nação imperiana tem garra e pode e deve dar a volta por cima. Um super beijo a todos e continuem se divertindo com meu Portal. Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 23/02/2007
Alterado em 31/03/2008 |