A Batalha da Aurora!!!
Seres criados pela bondade de Deus, os Anjos possuem como maior tarefa evitar que o mal se propague. Esta missão nada mais é que evitar que Lúcifer, o Estrela da Manhã, consiga seu maior intento desde sua queda do céu. Primeiro dominar a terra dos humanos e finalmente chegar ao céu, a morada dos Anjos.
Ao longo dos tempos, Lúcifer tenta a todo custo um meio de se soltar definitivamente do inferno. Alguns de seus grilhões das profundezas até foram destruídos neste período, possibilitando breves passagens suas pela terra dos homens, mas insuficientes para desencadear a grande batalha pelo domínio total. Muitos foram aqueles que impediram seus planos sórdidos até hoje. A lenda esquecida, o padre Combattenti Furio Archetti, o caçador Francês Andreas Richter, o escravo do tempo do império conhecido como a Sombra do Quilombo, todos eles lutaram contra muitas forças e no meio delas sempre havia a presença de Lúcifer na tentativa de voltar. Hoje, no século XXI, a história continua como dantes. Lúcifer e seus príncipes do Inferno tentando suas cartadas e os Anjos, ajudados por pessoas de fé que caminham pela Terra, na incontinenti tarefa de impedi-lo. O que os Anjos não contavam é que ao longo de sua existência, Lúcifer sempre soube qual seria o momento crucial para seu retorno. Este momento seria quando um anjo se descuidasse e desse sua centelha de vida para que um ser pudesse existir dividido entre os dois mundos. E justamente o Anjo de Deus chamado Rhael, o Força Celeste, um dos anjos mais poderosos abaixo dos Arcanjos, se envolveu com uma mulher mortal e deste amor um filho foi gerado, um rapaz chamado Jordan, o meio anjo Akyrel. Com tudo conspirando a seu favor, Lúcifer intensificou seus trabalhos e conseguiu encarnar em um de seus seguidores. Mesmo com os poderes não estando plenos, o Estrela da Manhã ainda é muito forte e, por conta disso, não tardou a por em prática seu plano maléfico: dominar Akyrel e retornar mais forte que nunca. Dando início aquela que pode ser a maior de todas as batalhas já travadas entre anjos e demônios. Num ataque frenético e sem precedentes, a horda infernal começou sua devastação pelos quatro cantos da Terra sendo imediatamente respondidos pelos Anjos. Garras demoníacas contra aço sagrado, a cada golpe, a cada embate, a cada encontro, as duas facções vão se dizimando mutuamente. Tudo por um objetivo em comum: impedir que Akyrel siga o lado oposto. Neste meio tempo, o jovem Jordan, já sabendo ser ele o causador desta batalha sangrenta, desapareceu. Nenhum dos dois lados sabe de seu destino, o que torna a batalha ainda mais acirrada e sangrenta, pois sem a certeza de onde ele está, há de se guerrear também para impedir que um dos lados tenha tempo para sair em sua busca. Cada dia é um tormento para as pessoas na Terra, elas que nunca viram anjos e demônios na plenitude de sua forma sofrem com as tempestades, terremotos e toda a série de mudanças climáticas causadas pelo confronto, fazendo com que elas não ousem sair de casa com medo do que ocorre. Pensam elas que se trata do Apocalipse. Se elas soubessem que o que está acontecendo não é nem a metade, seu medo triplicaria. Em mais um dia desta sangrenta batalha acontece o encontro ora anunciado. Antes de chegar aos Arcanjos, ou dos Arcanjos chegarem a eles, dependendo do lado que se aposte, dois dos mais fortes príncipes do Inferno, Abadon, o destruidor, e Astaroth, em sua forma de cavaleiro negro montado num escorpião, se vêem frente a frente com os anjos Rhael, o Força Celeste, e Iorael, o Anjo de Ferro. - Por aqui não passarás. - Pensam que podem nos deter, malditos? Iorael puxa seus dois machados das costas e toma posição de combate frente a Astaroth. - Não pensamos, demônio, deteremos. - Meu senhor adora isso. A arrogância. Ela os levará a destruição por completo. Abadon puxa sua espada flamejante e Astaroth incita seu escorpião, que esboça pequenas estocadas com seu ferrão a fim de demonstrar a seu cavaleiro que está pronto para a batalha. Sem se deter, Rhael desembainha sua espada e junto com Iorael parte para o combate. Iorael se encarrega de Astaroth, pois sua alcunha de Anjo de Ferro se faz justamente por ser capaz de resistir a ataques como os do ferrão de seu escorpião enquanto Rhael parte para Abadon. Os Anjos são como máquinas de guerra a serviço do Senhor. Além de não desistirem enquanto suas forças não se esvaem por completo, eles lutam com ferocidade e muita habilidade, mas enfrentar dois dos mais poderosos demônios do inferno não é fácil, mesmo para estes valorosos e poderosos seres angelicais. A batalha tendenciona à vitória do expurgados. - Vocês são fracos anjos. Entreguem-se a nós e pouparemos suas vidas em troca de sua servidão no inferno. - Prefiro morrer lutando. – diz Rhael, cuja asa esquerda sangra de forma abundante e um corte acima de seu olho direito dificulta sua visão. - Eu também prefiro morrer. – Iorael, não menos machucado que o companheiro, cujas asas estão mortas devido ao veneno do ferrão do escorpião. Seu corpo pode ser como um ferro intransponível, mas suas asas não eram. - Assim seja feita a vossa vontade, Anjos. Ha, ha, ha. - Ainda não. Os demônios veem descer dos céus, Daylan, o Asa de Cristal. - Daylan, você não é muito mais forte que seus amiguinhos. Acha que vai conseguir nos derrotar? - Nem que isto seja a última coisa a fazer em minha vida. - Pois será mesmo, anjo arrogante. A voz de trovão ecoa no campo de batalha. Ninguém esperaria tal presença ali, mas é ele mesmo. O próprio Lúcifer encarnado que se aproxima caminhando lentamente. - O fim dos tempos se aproxima, anjo. As trombetas do apocalipse já tocaram e a batalha da Aurora terá seu final. Pena que não como vocês gostariam. Eu vou dominar tudo. - Você não tem poder para isto, Lúcifer. Agrilhoado ao inferno, tendo que possuir corpos de humanos seus seguidores para vir a terra. Você nunca passará de um arremedo do que já foi outrora. - Cuidado com o que fala anjo. Posso ser um arremedo, como disseste, mas ainda sou tão poderoso quanto todos os arcanjos juntos. Meu poder é tão grande que os grilhões do inferno estão se partindo e me permitindo caminhar na terra. Agora, se quiser viver mais um pouco saia da frente. Eu quero o garoto mortal a quem seu amigo Rhael me fez o favor de dar sua luz imortal. - Você nunca o terá. Não sem passar por mim. - Assim será. Lúcifer, embora acorrentado no inferno, é muito mais poderoso do que os anjos que ali se encontram e tanto os anjos quanto ele sabem disso. Mas a natureza de Rhael, Iorael e Daylan não lhes permite desistir e a natureza de Lúcifer não lhe permite ter piedade. Os três anjos se preparam para enfrentar seu destino resignados. Se este é um desígnio de Deus, que eles morram lutando por Jordan, para evitar que Lúcifer se levante, então que seja assim. Mas o desígnio de Deus para este momento é outro. Os olhos de Lúcifer começam a brilhar sob um vermelho incandescente a fim de destruir a existência dos anjos que apenas esperam pelo que vai acontecer. Em todo o mundo, pessoas influenciadas pelos anjos oram dando força aos guerreiros celestes e, mais do que isso, pedindo que Deus não deixe que a Terra se transforme no caos para o qual ela se encaminha. Elas não imaginam que suas preces estão sendo atendidas neste exato momento. Lúcifer, com seus olhos brilhantes em pura conexão com sua energia maligna, levanta sua mão na direção dos bravos anjos e, o que ninguém esperava acontece. Um corpo, um ser, uma pessoa atinge o chão a sua frente com a força de um meteoro fazendo a terra tremer. Sob o clarão de luz que se dissipa, o Estrela da Manhã pode observar a figura de Jordan. E Lúcifer se detém em seu ataque. - Ora, ora, quem resolveu aparecer. O meu portal. - Eu trouxe um conselho a você, Lúcifer. Volte para as profundezas. Volte para o buraco fétido de onde você tenta sair há tanto tempo. - Bem, meu jovem, todo mundo me dá este conselho, mas eu sempre declino a ele. Sabe porque? Porque eu sou Lúcifer, eu não sigo regras, a não ser as minhas e como você deve saber, você é o meu preferido. Eu o quero como meu general. - Vou usar suas palavras Lúcifer. Terei que declinar ao seu convite. - Então, eu usarei você como preciso e depois me livrarei de você. Simples assim. Astaroth, Abadon peguem o garoto. Rhael mesmo muito ferido entra na frente de seu filho. - O que está fazendo, Rhael? - Protegendo você. É meu dever como anjo. - Pai, neste momento eu é que devo cumprir com meu dever. Afaste-se. Pela primeira vez Rhael ouve dos lábios de seu filho Jordan o que ele mais ansiou ouvir por toda sua vida. - Jordan. - Este não foi o nome que me deste, pai. O nome que me deste foi outro. Um nome que Lúcifer e seus comandados terão medo ao ouvi-lo. Tremerão ao imaginar o que pode ser feito. E pedirão clemência por todos os males causados em sua longa existência. Porque eu sou Akyrel, o anjo do Senhor que será conhecido como o segundo anjo a enviar Lúcifer para as profundezas do inferno. Ao final de suas palavras, Akyrel é novamente envolto em uma luz. Seu corpo toma uma tonalidade azulada ao ser recoberto por sua armadura celestial, suas asas são abertas como uma bandeira sendo desfraldada num dourado ofuscante, mais que ofuscante, inebriante, e ainda assim irradiando paz e tranquilidade. Às costas de sua armadura surge gravado o símbolo da flor de cerejeira, cujo significado está no Bushido, o código do samurai, que em poucas palavras fala da natureza transitória da existência dentro da aceitação filosófica “Samurai” e a vida com consciência constante. Uma Katana se materializa em sua cintura, reluzente como ouro. - Belo jargão Jordan, “Porque eu sou Akyrel, o anjo do Senhor que será conhecido como o segundo anjo a enviar Lúcifer para as profundezas do inferno”. Me poupe. - Para você Lúcifer eu sou Akyrel, o サムライ天国. (Samurai Celeste) - Samurai Celeste? Você está ficando cômico, sabia? - Quero ver você achar cômico quando eu mandá-lo de volta ao seu buraco. - Esta eu quero ver. Abadon, Astaroth, o que estão esperando? Sem perda de tempo os dois demônios avançam na direção de Akyrel. O ferrão do escorpião vem rápido em sua direção, mas o anjo consegue ser ainda mais rápido. Como um verdadeiro mestre Samurai, ao mesmo tempo em que saca sua Katana ela já descreve uma trajetória de baixo para cima diagonalmente que corta o ferrão fazendo com que o animal, acometido pela dor, derrube seu cavaleiro. O golpe seguinte vem na inversão do primeiro movimento, de cima para baixo, também em diagonal que visava cortar Abadon ao meio, mas apenas decepa seu braço, sua única tentativa de defesa, e veio na hora certa. Antes um braço que a vida. Astaroth se levanta e, de dentro de seu capacete, vê a ponta da espada vir rápida e encostar em seu pescoço. A luta que era desigual agora tende, e muito, para o lado do meio anjo Akyrel. - Rursus in profundum daemoniorum. (De volta às profundezas, demônios) Uma cratera se abre diante de Astaroth e Abadon que começam a ser sugados para dentro dela de modo a serem jogados de volta nas profundezas do inferno. Lúcifer assiste a tudo tentando esconder sua estupefação diante do poder de Akyrel. - Você é o próximo Lúcifer. Prefere ir por bem ou pretende me dar trabalho? - Rapaz. Você além de jovem é insolente. Não tens poder suficiente para me mandar para lugar nenhum. - Não? Então veja. Akyrel embainha sua espada e inicia uma ladainha. - Virtute Dei robur caelestis pectora vires malo perire verbum oro. Diaboli, est in via huius vitae vinculis alligatos iterum revertimini in profundum inferni. Mauris semper, in Dei nomine. (Pelo poder de Deus, a força celestial em meu peito, rogo forças para que o mal pereça ante minha palavra. Para o demônio, apenas um caminho há nesta vida, voltar às profundezas do inferno atado novamente a seus grilhões. Hoje e para sempre, em nome de Deus.) Uma ventania assola o local. Lúcifer sente seu corpo começar a ser arrastado, mas ele é o Rei dos Demônios. Seu poder transcende o inferno, pois ele já fora um anjo poderoso. O exorcismo de Akyrel não foi suficiente. Ainda. - Você é poderoso, Akyrel, mas ainda é pouco para me enviar de volta. - Eu sei disso Lúcifer. Eu só abri a passagem para você, quem vai te enviar de volta será um velho amigo seu. Para ódio de Lúcifer, uma luz deveras ofuscante toma conta do lugar e, no meio dela, surge ninguém menos que seu velho algoz, o Arcanjo Miguel. O demônio, vendo que não tem como resistir neste momento, abandona o corpo em que se instalara e foge. O corpo abandonado é tragado pelo vento. Com o portal fechado, Akyrel e os demais anjos se ajoelham ante a presença do nobre Arcanjo. - Lutaram muito bem hoje, meus irmãos. Principalmente você, Akyrel. - Obrigado, Miguel, mas Lúcifer fugiu. - Ele voltou para o inferno. Este meu velho irmão é assim mesmo. Esta luta dura muito tempo e temo que perdurará ainda mais. Eu espero sempre poder contar com a presença de valorosos guerreiros como vocês sempre que for necessário. Daylan, Iorael e Rhael, meus velhos companheiros e agora você, Akyrel, que tomou a decisão certa. - Miguel. Tenho um pedido a lhe fazer. - Não se preocupe, Rhael. Todos podemos cometer erros e falhas. Mas o que fizeste, seu filho Akyrel, não pode ser considerado uma falha. Você não será julgado por Daylan, nem você nem ele, mas você sabe o que deverá fazer. - Sei. - Irmãos, devemos voltar a nossa morada. Todos precisamos de cuidados e descanso. Akyrel, você tomou a primeira de muitas decisões em sua vida. Haverão outras e eu espero que esteja preparado. - Tentarei, Miguel. - Você poderá ir à nossa morada sempre que quiser e precisar, mas ainda não podes morar lá em definitivo. Seu destino ainda está atado aqui. Sabes disso. Agora eu me despeço. Rhael, eu aguardo seu retorno no devido tempo. Dizendo isto uma luz toma conta do lugar envolvendo Miguel, Iorael e Daylan levando-os embora dali. - O que ele quis dizer, pai? - Eu cometi um erro e embora não vá ser julgado por Daylan, eu devo me penitenciar pelo que houve. - E o que deve fazer? - Devo ir para o exílio. - Exílio? Como assim? Onde? - Aqui na Terra, em uma vida mortal, por um bom período. - Como um anjo caído? - Como um anjo caído. Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 11/05/2012
Alterado em 23/01/2020 Copyright © 2012. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |