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Textos

O fantasma da mansão.

                         Diziam que a velha mansão dos Rocha era assombrada e as pessoas sequer ousavam passar em frente ao portão. Rege a lenda que Sara Rocha, a filha única e herdeira de toda fortuna se matou dentro de seu quarto por ter sido abandonada pelo noivo no altar. Bem, como dizia meu pai, lendas são lendas, e não ligando para isto ele comprou o imóvel.
                                             Nossa mudança foi feita em tempo recorde. Três dias e já estávamos instalados dentro da mansão mobiliada. Tudo a contragosto de minha mãe e irmã. Certas estavam elas.
                         As primeiras duas semanas foram tranqüilas, mas na terceira a coisa ficou esquisita. Barulhos de pés se arrastando pela casa, som de portas se abrindo. Até aí minha mãe ainda suportou, mas quando, após uma noite de lua cheia em que ouvimos um cântico lamurioso por toda ela, encontramos o cachorro de minha irmã esquartejado na sala, ela decidiu que era hora de ir embora. Papai pediu, implorou que ela não fosse e ela acabou cedendo, infelizmente.
                         Quando a noite chegou, com a lua parcialmente encoberta por nuvens fazendo um desenho sinistro no céu, o lamento começou. Mamãe, assustada, pegou minha irmã pelo braço e tentou sair de casa, mas a porta estava fantasmagoricamente trancada. Em seu desespero ela foi até a cozinha à procura de algo que a ajudasse a abrir a porta. Minha irmã ficou para trás e eu apenas pude observar o velho lustre, que balançava com o vento, despencar em cima dela.
                         Bem, não preciso dizer que fiquei em pânico e meu pai, ainda assim, pedia calma. Já devia estar começando a perder o juízo, não é possível. Enfim, quando minha mãe veio da cozinha e viu aquela cena aterradora não resistiu e cortou a própria garganta com a faca que trazia nas mãos. Nem reação eu esbocei.
                         Papai começou a gritar, perguntando a ninguém que estivesse ali naquela sala porque fazia aquilo. Porque fez isso? Eu te prometi casamento. Não tive culpa de me acidentar. Porque se matou? Porque não me esperou? Bom, até aquele momento eu não tinha entendido, mas agora tudo ficara claro: o noivo de Sara Rocha tinha sido o meu pai e ele não chegou a igreja por causa de um acidente. Realmente eu sempre soube do tal acidente, mas não sabia de suas implicações.
                         Infelizmente a coisa não parou por aí. Eu olhei pro alto da escada e vi o fantasma da Sara. Que mulher linda. Quando meu pai se deu conta do que eu observava ele subiu a escada correndo e gritando: você disse que ainda me queria. Eu vim por você. Mas porque matar minha família? Porque? Porque? Pois é, a coisa estava ficando pior. Preocupado com meu pai eu subi correndo a escada. Ele estava enlouquecido com um machado na mão, não sei de onde ele tirou, e golpeava o ar em todas as direções.
                         E aí a coisa ficou esquisita para o meu lado mudando tudo a partir daquele momento. Meu pai arremeteu o machado na minha direção e eu vi um brilho que me ofuscou os olhos, provavelmente o brilho do machado. Depois disso só me lembro de ouvir um grito desesperado dele e o barulho do machado caindo no chão.
                         Eu sei que meu pai saiu correndo de casa e eu tenho que encontrá-lo, mas primeiro tenho que achar minha cabeça. Putz, ela rolou pelo chão e foi parar aonde???




Maldição!!!


Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 22/09/2011
Alterado em 09/10/2011
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