Uma noite alucinante!
No transcorrer de mais um dia na vida do policial Ramos, ou melhor, mais uma noite chuvosa em sua carreira, ele segue novamente para a sala do delegado de plantão a fim de solicitar, como prova para sua investigação, uma maleta contendo dez mil reais em seu interior.
Enquanto do lado de fora da delegacia a chuva não para, lá dentro o tempo também se mantém feio. O delegado, um perfeito corrupto, não quer, de maneira nenhuma, autorizar que Ramos leve a maleta como prova e, ainda, quer que o policial não leve adiante as investigações. Em meio a discussão, o assistente do delegado, César, um puxa saco assumido, entra e informa que há um homem na ante sala aguardando para falar com o policial Ramos sobre o crime ocorrido na noite anterior. Pensando rápido, Ramos segue até a porta e manda que o homem entre. Ao ver o delegado, o homem se sobressalta. O delegado também e num ímpeto estranho, saca sua arma. O barulho do tiro causa extremo alvoroço na delegacia, fazendo com que todos corram em direção a sala do delegado. Gomes, já de arma em punho, é o primeiro a chegar e ver a cena. Ramos com uma pistola apontada para César e outra para o delegado, que se encontra caído com um tiro no ombro. Antes que Gomes, ou qualquer outro esboce qualquer reação, Ramos ordena que o homem comece o relato. Meio trêmulo, o homem se identifica como sendo o senhor Manoel, dono de uma loja de jóias próxima à casa do delegado. Ele explica que quase não conseguiu ir até a delegacia devido ao medo dele. Ao ser perguntado por que, ele responde que na noite anterior, um homem, conhecido como “Dingão”, por viver numa total miséria num beco dos arredores, investiu contra ele no momento em que saía de sua casa com a referida maleta na mão. Crendo e acertando que na maleta havia algo de valor, Dingão arrancou-a de sua mão e saiu correndo. Ao gritar por socorro, foi prontamente atendido pelo delegado que correu atrás do mendigo. Ele, que também correu, ficou estarrecido com o que viu. O delegado matou o mendigo a pancadas, utilizando uma barra de ferro que encontrou no caminho. Terminado o ato de violência, o delegado abriu a maleta, tomou conhecimento do dinheiro e disse ao senhor Manoel que aquela quantidade seria suficiente pelos seus préstimos e disse ao português, mostrando-lhe sua pistola sob a camisa, que para o bem dele e de sua família, o acordo ficasse entre eles. Ramos, já tendo as provas que necessitava a resolução do caso, deu voz de prisão ao delegado, ordenou a César que o levasse para uma cela onde aguardaria atendimento médico, mandou chamar o escrivão e seguiu para sua sala, acompanhado do senhor Manoel, a fim de tornar oficial seu depoimento. Lá fora, a chuva cessara, talvez como o prenúncio de uma noite afortunada para o velho policial.
Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 19/11/2006
Alterado em 19/11/2006 |