Ambos são conduzidos à entrada do palácio da cidade de Haskar e recebidos pelo capitão da guarda.
“Sejam bem vindos. Eu sou o capitão Obarach e os levarei ao meu senhor.”
“Obrigado.”
“Eu peço que antes de entrarmos vocês deixem todas as suas armas aqui.”
“Deixar nossas armas?” – pergunta Jorval.
“Sim. Estarão seguros no palácio.”
“Será mesmo?” – questiona novamente Jorval.
“Vocês têm minha palavra.”
“Levando em conta que da última comitiva que veio a sua cidade apenas um homem retornou, não sei se sua palavra é capaz de nos manter a salvo.”
“Relaxe Jorval. Nosso nobre capitão é um homem honrado. Ele com certeza não teve nada a ver com o que houve à comitiva anterior. Vamos confiar nele.” – diz o outro homem.
“Se você diz. Vamos com isso.”
“Eu não possuo armas.” – diz o acompanhante.
“Muito bem. Meus guardas ficarão com suas armas, Jorval. Quando forem embora elas serão devolvidas.”
Com tais palavras o capitão Obarach os conduz para o interior do palácio seguindo para o salão real.
“Meu rei. Os visitantes que requerem uma audiência. Jorval de Matarir e seu conselheiro.” – anuncia o capitão entrando no salão real.
“Quem diria, Jorval de Matarir, que um dia você viria a mim pedindo humildemente uma audiência. Veio me reconhecer como seu rei?”
“Não. Vim dizer-lhe que além de não ter o direito a este palácio, você foi julgado e condenado em Matarir por genocídio, Caliban.”
“Cuidado com suas palavras, Jorval. Você pode não sair vivo daqui.”
“Jorval, nosso anfitrião achará que o estamos ameaçando em sua casa. Você não pode iniciar uma negociação assim.”
“Negociação? Seu conselheiro não é muito inteligente, Jorval. Olhe à sua volta rapaz. Como acha que pode negociar comigo? Vocês estão cercados pela minha guarda e não tem nada que eu possa querer. O que poderíamos estar negociando?”
“Que tal a sua vida, Caliban?”
“Você deve ser maluco. Estão desarmados e em menor número. E parece que não sabem o que aconteceu com a última comitiva de Matarir que esteve aqui.”
“Hum, vê Jorval? Caliban nos relembra os acontecimentos do fim do verão. E se ele faz questão de lembrar disso é porque ele deve ter sido responsável pelo que aconteceu. E se eles entraram aqui desarmados como nós, ele é um maldito covarde e tem em sua conta mais um crime para pagar.”
“Seu conselheiro acaba de selar seu destino Jorval. Eu não pretendia matar vocês dois tão rápido. Obarach são todos seus.”
“Vou te dar uma última chance, Caliban. Se tem amor à vida diga para sua guarda baixar suas armas. Agora.”
“Obarach arranque a língua deste maldito bastardo antes de matá-lo.”
“Guardas.”
Sob a ordem de Obarach os guardas no salão empunham suas espadas e avançam para cima dos dois homens.
“Vou fazer como meu rei ordenou. Arrancarei sua língua e o matarei. E ainda terei o prazer de pendurar sua língua em cima de minha lareira. E cada vez que eu olhar para aquele trapo seco vou me lembrar do idiota que ameaçou meu rei estando desarmado.”
“Quem disse que um mago precisa de armas, capitão da guarda?”
Dizendo isto o falso conselheiro estende suas mãos ao longo do corpo e quando o brilho rubro as envolve sua roupa de andarilho dá lugar a um robe negro revelando sua real natureza.
“Pelos deuses. Um maldito mago negro.”
“Os deuses não tem nada a ver com isso, Caliban. Eu sou Shall de Valak, e não morrerei aqui hoje.”
Ele estende suas mãos para o alto aumentado o fogo irradiado por elas e a devastação se inicia.
Ao final de tudo, corpos carbonizados pelo chão indicam o tamanho do poder e da fúria do mago. O Mago olha em volta e seu olhar cruza com o de seu amigo Jorval afastado observando a tudo que aconteceu coberto por uma aura protetora.
“Bem que você disse que este anel mágico salvaria minha vida.”