Após se separar de Furio Archetti, o caçador Andreas Richter prosseguiu em sua jornada pela Europa, agora com um propósito além de destruir as criaturas das trevas. Encontrar o mago chamado Sarator, o homem que transformou o braço de ferro inerte do Padre Combattenti na máquina destrutiva contra o mal em nome do Senhor.
Seguindo as informações passadas por Furio, Andreas avança pela Espanha buscando as terras onde se deu o encontro que ajudou a modificar a história do mais famoso caçador da Europa.
Depois de caminhar um dia inteiro para o norte do país, Andreas confere no mapa as coordenadas passadas por Furio e se dá conta de que a noite cairá em poucos minutos. Sabendo que não é prudente caminhar à noite, o caçador abandona a rústica estrada, entra um pouco na mata, acende uma fogueira e prepara uma alimentação quente, algo que seu estômago já implorava para receber há algum tempo.
Tendo aplacado sua fome, Richter, antes de se entregar ao sono, prepara algumas surpresas tanto para ladrões incautos que resolvam se aproveitar da situação quanto para seres sobrenaturais que, sabendo quem ele é ou não, possam tentar alguma proeza.
O sono de Richter ia tranquilo até ele sobressaltar-se com o barulho de uma confusão. Gritos e sons de luta permeiam a situação. Com o sangue frio típico dos caçadores, Andreas procura não fazer barulho para não denunciar sua posição e rola para o meio do mato a fim de descobrir o que está havendo. Uma vez no matagal fechado, ele se levanta e, sacando sua espada, segue na direção da possível contenda.
A cena que se apresenta é uma batalha entre quatro homens. À direita, um homem careca, com um tapa-olho na vista esquerda, vestido com um robe vermelho coberto de runas, faz movimentos contínuos enquanto entoa cânticos sem parar. À esquerda, dois homens com armaduras completas de guerreiros, elmos fechados e espadas de duas mãos tentam atravessar uma barreira invisível. Logo atrás deles, um homem de compleição física mirrada, com um robe negro igualmente coberto de runas, gesticula e entoa cânticos semelhantes aos do primeiro.
À distância, Richter tenta entender a inusitada cena, mas percebe que os três da esquerda querem alcançar o careca a qualquer custo. Sem iluminação adequada, identificando o que acontece apenas pelos clarões emitidos a cada término de cântico, o caçador prefere não intervir por enquanto.
No meio da luta, a batalha entre o mago neutro Sarator e o mago maligno Beliar prossegue feroz. Sarator não tem tempo para conjurar feitiços de ataque, pois os dois guerreiros mortos-vivos se lançam continuamente contra suas defesas por ordem de seu senhor. Assim, Beliar se mantém fisicamente mais inteiro e tenta romper a Barreira de Acriol que Sarator levantou contra os mortos-vivos.
Vendo que nenhuma de suas magias está funcionando, Beliar resolve lançar uma magia chamada Bolas de Fogo na mata ao redor de Sarator, tentando queimá-lo vivo. E aí a situação se complica para ele.
As Bolas de Fogo lançadas na mata de um lado e de outro inevitavelmente acabariam incendiando tudo ao redor. Praticamente voando do meio da vegetação para o centro da batalha, Richter surge diante dos mortos-vivos e agora consegue visualizar claramente o perigo. Ele olha rapidamente para trás, para o homem acuado, e percebe em sua silhueta uma grande semelhança com a descrição que Furio havia feito do mago que o ajudara outrora. Não precisa de muito para entender o que está acontecendo.
Com sua espada abençoada, Richter avança contra os dois guerreiros, iniciando uma luta como nunca antes havia enfrentado. Golpe a golpe, ele se defende e ataca as criaturas, tentando romper suas defesas e mandá-las de volta ao mundo dos mortos.
Com a ajuda providencial de Richter, Sarator agora pode se concentrar apenas em Beliar. De sua mão direita parte um relâmpago, um Lightning Bolt, que explode contra uma barreira de proteção erguida pelo mago negro. Beliar não é tão poderoso quanto Sarator, mas ainda possui seus truques.
Beliar conjura então um Elemental da terra e ordena que ataque Sarator. Teria sido melhor continuar com as Bolas de Fogo. Sarator reage rapidamente, conjurando uma magia que abre uma cratera no chão e suga o Elemental para o interior da terra. No mesmo instante, Richter acerta o último morto-vivo e parte na direção de Beliar.
O mago negro tenta conjurar outro feitiço, mas Sarator é mais rápido. Ele trava-lhe a boca com uma conjuração, lança teias de aranha a partir de seus dedos, um feitiço simples, porém eficaz, e enquanto caminha em sua direção, fala com Richter:
“Caçador, agradeço sua ajuda, mas peço que não o mate.”
“E por que não?”
“Porque nós, magos, somos seres que você nunca entenderá.”
“Eu posso não entender de magos, mas entendo de maldade. E ela está estampada na cara desse aí.”
“Não faça nada com ele ou serei obrigado a paralisá-lo.”
Richter estaca.
“Se fizer isso, mago, assinará sua sentença de morte.”
“Se me escutar, não precisaremos chegar a esse ponto. Deixe-me falar com ele.”
Richter assente, lembrando-se das histórias que Furio lhe contara no passado. Ele observa à distância a conversa entre Sarator e Beliar, até que o mago de robe vermelho lança raios de seus dedos, transformando Beliar em cinzas. Sarator vira as costas enquanto elas são levadas pelo vento e caminha em direção a Richter.
“Então, caçador, a quem devo meus agradecimentos?”
“Agradeça a Furio Archetti, mago. Ele me mandou para estes lados com a certeza de que encontraria um grande mago chamado Sarator.”
“Furio Archetti, o Braccio di Ferro. Por que ele mandaria um caçador atrás de mim?”
“Para que você pudesse me ajudar com sua magia.”
“Você quer encantar alguma peça de ferro em seu corpo?”
“Não. Eu quero a imortalidade.”