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Lilith!!! 

                         Existem diversas lendas que tratam do mito de Lilith. Mito somente para aqueles que não se aprofundaram nos estudos do que é sobrenatural. Para aqueles que se envolveram no estudo e combate ao sobrenatural e principalmente aos seres das trevas, falar de Lilith é se referir a algo, ou melhor, a alguém que é real, muito real. Aliás, segundo as histórias, Lilith foi uma das mulheres de Adão, sua primeira mulher feita por Deus do mesmo barro ou pó que o fez, e foi isto que gerou todo o problema. Por não querer se submeter as vontades de Adão segundo os possíveis desígnios de Deus, ela se rebelou e abandonou o Éden indo encontrar alento, se é que pode ser chamado assim, junto aos anjos caídos, mais precisamente junto a Lúcifer. Alguns dizem que ela é sua mulher, outros que ela é a guardiã das portas do inferno montada em Cérberus, o cão de três cabeças, outros, ainda, dizem que ela é a mãe das Succubus. Uma coisa é certa, seja lá o que realmente for, ela pode ser considerada o mal em forma de mulher.

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                         Na idade média, por volta do ano de 1349, surgiu uma mulher na cidade de Nápoles, Itália, tão linda que arrancava suspiros e olhares dos homens. Olhares e suspiros de lascívia. Diziam as mulheres que ela era uma bruxa, mas nunca nada foi provado, pelo contrário, os inquisidores acabavam por se sentir propensos a levar a corte da inquisição as mulheres que faziam algum comentário contra a honra da bela dama. Uma senhorita de boa índole que vivia sob os preceitos mais vívidos da Santa Madre Igreja. O único senão a respeito de sua conduta, mas algo justificável, era sua aversão em entrar em uma igreja, mas isto advinha de um trauma sofrido na infância quando seu pai a enviara para se tornar freira sem o consentimento de sua mãe. A pobre genitora morreu de desgosto e ela acabou por retornar a casa de seu pai, como ela mesma fez questão de contar, amargurada, desgostosa da vida e com um temor a igreja, culpada pela perda de sua mãe, mas isso não lhe tirou do caminho da correção. O nome da bela dama, Lílian.
                         Depois de algum tempo alguns fatos estranhos passaram a acontecer. Diversos dos homens casados da cidade, desde os nobres até os camponeses, começaram a sucumbir diante de um estranho mal. O mal que os acometia os fazia definhar dia após dia até sua morte. Nenhum médico entendia ou conseguia encontrar uma cura para a estranha doença. As viúvas trocavam confidencias sobre a culpa ser da mulher conhecida como Lílian, que ficava mais bonita a cada dia enquanto os homens pereciam. Todas tinham a mesma opinião, Lílian era de fato uma bruxa que trouxe com ela o mal que acometia os homens da cidade, mas de nada adiantava levantar tais suspeitas, pois, poderiam elas mesmas, serem levadas a fogueira e não Lílian. A única certeza que já circulava é que se ninguém conseguisse descobrir o que estava acontecendo ali, todos os homens da cidade iriam morrer e Nápoles provavelmente também pereceria.
                         Todo fim de tarde a bela dama passeava pela cidade. À sua passagem as viúvas fechavam portas e janelas e puxavam as crianças para dentro. Nas casas em que os homens ainda estavam vivos, eles mesmos não permitiam que suas mulheres o fizessem e se mantinham de olhos fixos em sua passagem torcendo mentalmente que ela lhe lançasse um olhar mais significativo que os faria largar não suas esposas, mas o projeto de mulher que eles mantinham em casa. E como tal, nesta tarde ela lançou um olhar significativo para mais um. Encantado, não somente por conta da beleza, mas também pelos dotes possuídos pela moça, Gianni Casiraghi, um lenhador simples e apaixonado por sua mulher, acabou cedendo a tentação. Rapidamente o jovem lenhador entrou em casa a fim de se lavar, não trocou uma palavra com sua mulher e saiu novamente. A pobre esposa já ciente do possível destino do marido se pôs a chorar copiosamente, pois sabia qual seria o final da história. Mesmo assim, esperançosa, resolveu orar para que o pior não acontecesse. Se foi a força de sua fé ou a ira de Deus que já estava pronta para ser desencadeada a moça nunca saberá, mas esta noite ficará marcada por acontecimentos bizarros.
                         Andando rápido para alcançar a bela Lílian, Gianni sequer se dá conta de estar entrando na floresta. Na verdade a casa da jovem fica a beira da floresta, não lá para dentro, porém enfeitiçado ele mantém firme e rápido o seu passo chegando rapidamente a frente de uma cabana. Ele vê a porta aberta e entende que é para entrar como se uma força o guiasse até lá. E realmente é uma força que o impele, uma força demoníaca. Ao entrar na cabana Gianni recebe uma forte pancada em sua cabeça e cai inconsciente.
                         Mais ou menos três horas depois, já com a noite alta e a lua cheia brilhando no céu, o jovem lenhador Gianni acorda amarrado a uma mesa no meio da cabana, nu, cercado por três seres que ele não consegue identificar e Lílian.
                         - O que é isso? O que eu estou fazendo aqui?
                         - Ora Gianni, você veio até mim, não se lembra?
                         - Eu não vim. Porque estou nu amarrado a esta mesa? O que são estas coisas?
                         - Estas coisas, ser mortal, são minhas filhas Succubus.
                         - Succubus? O que é isso?
                         - Ah, a ignorância. São demônios. E você irá fecunda-las.
                         - Eu não irei fazer isso.
                         - Irá sim. E depois servirá de comida a meus filhos Inccubus, afinal eles também são filhos do inferno e tem que se alimentar. Queridas, ele é todo seu.
                         Num frenesi de loucura e luxuria as três Succubus se revezam em cima do pobre lenhador, não só lhe sugando sua energia vital como também conseguindo o que elas mais precisam, a fecundação para gerar mais e mais demônios na terra. O plano terrível de Lilith para trazer à terra seu mestre Lúcifer está caminhando bem. É verdade que faltam peças, mas tudo transcorre como ela quer.

                         Ao final do festival de luxúria as Succubus deixam a sala e os Inccubus entram. Demônios como elas, porém numa forma masculina. Os três entram cobertos de sangue.
                         - Já terminaram a primeira refeição meninos? Hora da segunda da noite.
                         Sem perda de tempo os três Inccubus se lançam em cima do rapaz. Eles arrancam e dilaceram partes dele a fim de se alimentarem. Carne, sangue, músculos, tudo para eles se transforma em alimentação. A cena grotesca não leva mais que dois minutos para terminar.
                         - Todo mundo feliz e meu mestre cada dia mais próximo de vir a esta terra.
                         No meio de seu pensamento três batidas ocorrem na porta. Visitas?
                         - Parece que temos visita meninas, mas como vocês já estão bem satisfeitinhas e meus meninos também, quem quer que esteja aí fora será meu. Abra a porta Deara.
                         A Succubus Deara cumpre a ordem de Lílian e segue até a sala. Abrindo a porta se depara com dois homens cobertos com mantos e tendo o rosto escondido embaixo de um capuz.
                         - Olá senhora, somos viajantes e estamos precisando de uma ajuda.
                         - Convide-os a entrar Deara. – diz Lílian chegando à sala. Mostre aos viajantes como somos hospitaleiras.
                         Os dois homens entram.
                         - Podem tirar sua roupa de viagem senhores. Fiquem à vontade. Como podemos ajuda-los?
                         - Nós precisávamos de ajuda para encontrar uma pessoa, mas você já ajudou. – o mais velho baixa seu capuz e causa um impacto em Lílian. Eu estava te procurando Lilith.
                         - Furio!
                         - Hora de morrer demônio. – Furio puxa sua espada enquanto Richter arremessa um odre de barro para o alto. Ao bater no teto o mesmo se quebra e libera o líquido de seu conteúdo: água benta. Os dois demônios são atingidos por ela e sentem o corpo começar a queimar.
                         - Malditos sejam você e seu amigo, Furio Archetti. Eu arranquei seu braço e você não morreu, agora eu vou arrancar sua cabeça.
                         - Fale menos demônio.
                         Richter parte para cima da Succubus deixando Lilith para o Braço de ferro. Andreas Richter sempre foi um grande caçador, como seu pai, mas as lições que teve com Furio o deixaram ainda mais mortal, principalmente no que se refere ao uso de armas mais eficazes. O punhal bento é sacado da bainha em sua cintura e arremessado na perna da Succubus. Deara sente a arma santa penetrar sua carne e causar-lhe uma dor nunca imaginada. Por ser a Succubus mais antiga da maldita Lilith, ela já havia enfrentado outros Combattenti com sua “mãe”, mas nunca havia sofrido dois ferimentos tão dolorosos. O primeiro pela água benta que caiu em seu corpo e o outro pela faca. Para piorar ela tenta arrancar a faca, mas ao por a mão a queimadura é imediata.
                         - Está tendo problemas, demônio?
                         - Vou matar você, mortal.
                         - Eu acho que não, pequena Succubus.
                         Richter avança em sua direção sacando duas espadas do tamanho de seu antebraço posicionando-as paralelas ao mesmo com a ponta na direção de seu cotovelo. Ele as utiliza tanto para atacar quando para defender. A Succubus se vê em um grande apuro, pois cada vez que ela tentar passar suas garras em Richter ele as bloqueia com a lâmina da espada em movimentos de defesa e responde com ataques bem colocados movimentando os braços para frente aproveitando o êxito de suas defesas. Desnecessário dizer que suas espadas são consagradas por um sacerdote.
                         O outro confronto, entre Lilith e Furio, está um pouco mais complicado. Furio mantém Lilith a distância usando sua espada. A cada tentativa dela se aproximar ele avança com golpes rápidos fazendo-a recuar. Com o barulho da confusão as outras duas Succubus e os três Inccubus chegam a sala.
                         - Está em menor número mortal.
                         - Nada que me abale. Acabar com seus filhos e filhas será um prazer.
                         Ao terminar a frase, um grito inumano se faz ouvir na sala. A luta entre Richter e Deara está terminada. A cena que se vê é o Caçador Andreas Richter em cima da Succubus com sua espada cravada em sua garganta recitando o exorcismo ensinado por Furio. A fúria se estampa no rosto de Lilith.
                         - Ficou chateada pela morte de Deara, Lilith? Está com cara de quem comeu e não gostou.
                         - Você ousou me procurar e ainda veio com este verme. Vocês dois irão se arrepender por isso e por terem exorcizado Deara. Você vai conhecer a minha fúria.
                         Lilith inicia um recital demoníaco. Furio conhece muita coisa sobre demônios, mas ele não sabe o que o demônio está aprontando. A única certeza clara é que vem algo muito ruim. As duas Succubus e os dois Incubbus se posicionam a fim de protegê-la. Sem muito pensar os dois caçadores partem para cima dos cinco demônios na tentativa de impedir que Lilith termine o que começou, mas não adianta, mesmo exorcizando três dos cinco eles não conseguem alcança-la antes do término do ritual. A casa e a terra começam a tremer.
                         - Eu não posso trazer meu mestre ainda, mas um de seus Príncipes e seus vassalos eu posso pelo sangue de minha Succubus.
                         De fato, da poça de sangue da Succubus uma figura grotesca vem se erguendo e não vem sozinha. Sete demônios menores o acompanham.
                         - Lilith, minha rainha.
                         - Abeal, destrua-os. – Lilith aponta para os dois caçadores e tanto Abeal quanto sua pequena legião partem em sua direção.
                         - E agora Furio? – pergunta Richter.
                         - Agora nós lutamos com o máximo que nossa fé nos permitir.




O Padre Furio Archetti retornará em Demônios




Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 19/07/2011
Alterado em 03/10/2011
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