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Crônicas Adolescentes - Patinadoras - Texto 3 

               
               O caminho para uma relação sólida, seja um namoro ou o próprio casamento, tem que começar com uma amizade sincera, até porque a sinceridade e o respeito, que se adquire ao longo do tempo, moldam a relação entre as pessoas. Um namoro pautado em respeito e sinceridade, alicerçado na amizade é quase impossível não dar certo.
               Na adolescência, quando estes importantes valores estão se formando, juntamente com o caráter, começam a surgir as primeiras paixões, os primeiros amores. Alguns perduram a vida inteira, outros desvanecem como um sonho, com a perda da sua magia ou não. Apesar de alguns pesares nesta longa estrada da vida, vivenciar tudo ainda é a maior e melhor dádiva concedida às pessoas.
               12h30min. Lucca está do lado de fora da sala de Bruna, aguardando a saída da menina para acompanhá-la até sua casa.
               O professor Carlos, de física, encerra a aula e um a um os alunos vão saindo. Amanda e Yasmim saem na frente, pois Bruna, tímida como sempre, se deteve um pouco com Chris a fim de não deixar que as duas amigas a vejam com Lucca.
               Lá fora...
                         - Oi Lucca, tudo bom? – cumprimenta Amanda, de uma forma bem adocicada.
                         - Oi Amandinha, oi Yasmim.
                         - Oi Lucca, esperando o Chris?
                         - Hum... é, esperando o Chris sim.
                         - Ele já está saindo. Até o treino tá? Tchau!
                         - Tchau Lucca. – diz Amanda, num tom ainda mais doce que antes.
                         - Tchau meninas.
               Enquanto se afastam, Amanda, empolgada, comenta com Yasmim.
                         - Viu Yasmim? Ele me chamou de “Amandinha”.
                         - É, eu vi, mas o que tem isso?
                         - Ora, é sinal que ela já me considera, ao menos, uma amiga.
                         - É, já é um começo, não é amiga?
               Os outros alunos vão deixando a sala e, por fim, Chris e Bruna vem vindo numa conversa animada. Para Bruna a conversa é um pretexto para disfarçar o nervosismo e a ansiedade. Sem contar a dúvida sobre Lucca estar ou não gostando mesmo dela. Mal sabe ela que o rapaz está adorando seu jeitinho tímido e meigo de ser.
                         - E aí Lucca?
                         - Oi Chris.
                         - Oi Lucca.
               Lucca dá um beijo no rosto de Bruna e ela cora.
                         - Oi Bruninha. Tudo bem?
                         - Sim. – diz ela baixando os olhos e ficando mais vermelha ainda.
                         - Lucca me fez aquele favor?
                         - Claro. Me liga à tarde que eu te conto tudo.
                         - Combinado. Vou nessa. Tchau Bruna.
                         - Tchau Chris.
                         - Vamos Bruna?
                         - Vamos sim. – diz a moreninha ficando vermelha de novo.
               Ele ri e comenta.
                         - Eu adoro quando você fica vermelhinha.
                         - Ah, pára Lucca. Assim eu não vou melhorar.
               Ele ri de novo.
                         - Tá bom, não falo mais.
                         - Me responde uma coisa, Lucca?
                         - Claro, até duas.
                         - Porque você não gosta de cumprir os horários no treino?
                         - Porque o meu pai fica fazendo aqueles treinos de fundamento que eu não gosto.
                         - Mas eles não são necessários?
                         - Eu patino desde os dez anos e há dois participo de competições tendo vencido o carioca do ano passado e a Copa Rio dos dois anos. Você acha que eu preciso treinar fundamentos?
                         - Sinceramente? Acho sim. Para você poder melhorar ainda mais. Eu já percebi melhoras nos meus saltos e currupios.
                         - Ah, eu to fora.
                         - Vai parar de chegar no horário? – diz ela com uma pontinha de tristeza a voz.
                         - Não. Minha irmã empenhou a palavra com o pai e eu não posso decepcioná-la.
                         - Só por isso?
                         - Não, mas do meu outro motivo eu posso pedir o telefone, convidar para sair...
                         - Pode?
                         - Não posso? Você acha que eu devo?
               Ela olha para o chão.
                         - Eu, eu não sei. Do que você está falando?
                         - De você Bruna. Eu gosto de você e quero me aproximar mais. Quero ser seu amigo.
                         - Só amigo, Lu?
                         - Para começar, pois como meus pais dizem, um grande amor começa com uma grande e sólida amizade. E eu quero amar da mesma forma que eles.
                         - Está dizendo que quer me amar?
                         - Sim, se você quiser e deixar. Eu gosto de você, Bruna, e a cada dia mais. Não é porque temos só quatorze e dezesseis anos que não podemos pensar num amor.
                         - É, com certeza.
               O casalzinho chega à casa de Bruna e o clima romântico se acentua.
                         - Chegamos, Bruna.
                         - Sim, já.
                         - Nos vemos no treino então. Hã, quer que eu passe aqui antes do treino para irmos juntos?
                         - Eu adoraria.
                         - Então está combinado.
               Lucca olha para Bruna com imensa alegria transbordando em seus olhos e recebe de volta tal qual sentimento. Sentindo a reciprocidade ele coloca a mão em seu rosto e lhe dá um beijo apaixonado.
               Após o beijo, Bruna pergunta.
                         - Porque... porque fez isso, Lu?
                         - Ora, porque eu gosto de você e quero te namorar.
                         - Namorar? É... tão... rápido?
                         - Você não quer?
                         - Não! Quer dizer, sim! Mas é que, foi, está sendo, tão rápido, eu, não sei...
                         - Eu entendo. Façamos o seguinte então: vamos deixar acontecer naturalmente, está bem?
                         - Sim, mas você ainda passa por aqui antes do treino, não passa?
                         - Claro que sim. Até logo.
               Lucca dá um beijo na testa de Bruna e toma o caminho de casa. Bruna entra já contando as horas para que o rapaz passe em sua casa para acompanhá-la ao treino. Com imensa felicidade ela segue para a cozinha onde sua mãe está, a fim de almoçar e contar-lhe as novidades.
               Realmente uma amizade fortalece um relacionamento, pois tal sentimento traz à consciência o ideal do certo e errado. Evitar magoar um amigo é um dos princípios fundamentais na garantia de uma boa relação fraterna. Transpor estes princípios para uma relação faz com que as pessoas sempre pensem duas, três, cinco, dez vezes antes das ações na preocupação de não machucar quem está ao lado. Amizade e amor andam juntos e é isso que torna uma relação cada dia mais sólida e especial. No caso de nosso casalzinho romântico, o primeiro passo já está sendo dado: o fortalecimento da amizade. E, deixar acontecer naturalmente, como sugerido por Lucca, é uma prova desta tentativa. Tomara que dê tudo certo, pois este forte aliado do amor pode trazer ainda mais felicidade à sua relação.




Crônicas Adolescentes Texto 4


 

Léo Rodrigues
Enviado por Léo Rodrigues em 16/04/2010
Alterado em 05/10/2011


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